MÁRCIA MACIEL ANTUNES

Uma pioneira

Publicado no Jornal Pequeno em 11 de setembro de 2009

De uma porta e janela para uma das marcas mais respeitadas no mercado maranhense. Assim, de maneira simples, é a trajetória da Facial que no dia 16 de setembro completará 25 anos de existência.

A empresa nasceu literalmente da paixão da sua proprietária por um maranhense e de construir muita mais que uma empresa, mas um conceito de qualidade e de vida que é exemplo para todo o Brasil.

Quando falo que os entrevistados e suas empresas são escolhidos por um poder maior que eu, as pessoas não acreditam. Claro que tenho a noção de quem desejo fazer minha matéria, mas entre desejar e conseguir é outra história.

Conheço a Facial há 20 anos e pude manter contato com seus proprietários já aos 10 anos de idade da empresa. Conheci, fiz alguns trabalhos e percebi que ali algo era diferente: tinha um cheiro de sucesso no ar.

De repente, nossos caminhos mudaram e nos perdemos pelo tempo. Semana passada, pedi que a empresária Luzia Helena, da Olívio J. Fonseca, me apresentasse empresárias vencedoras e uma delas foi a farmacêutica Márcia Maciel Antunes, formada em Farmácia e Tecnologia de Cosméticos e Medicamentos pela UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. Feliz reencontro este, a Facial vai fazer 25 anos e eu cheguei na hora certa de poder fazer esta matéria. Afinal, quem escolheu? Eu? Será? Ficam as perguntas.

Falar da Facial sem falar da doutora Márcia é impossível. Claro, vou falar um pouco, pois ela terá um Quadro Foto Digital só para ela. Às vezes, me pergunto o que seria do mundo se não existissem gente maluca? Mas, como diria Raul Seixas, “maluco beleza”, como doutora Márcia, só sei chamá-la assim, como doutora Márcia e vai ficar.

Por amor a um maranhense, Garibaldi Carvalho, também farmacêutico que acabou virando seu marido. Ela o conheceu em uma festa no Rio de Janeiro, ela uma mineira e ele que trabalhava no Paraná se encontraram e foi amor à primeira vista como numa novela.

Foi chamada de maluca, por isso citei anteriormente o quanto de malucos beleza precisamos. Largou a chefia de qualidade de umas das mais importantes multinacionais e pioneira no setor de cosméticos a Pond’s. Era ela quem cuidava de todo o controle e assinava como farmacêutica responsável.

A Pond’s foi um sinônimo de beleza para as mulheres desde os anos 50 e foi comprada pela Gessy Lever. Tinha um excelente salário, um status profissional, uma sólida formação, grandes oportunidades de conhecimento internacional, mas a menina maluquinha na época, largou tudo isso e veio para São Luís, grávida acompanhar seu marido.

Muita promessa de empregos tinha aqui, mas imagina São Luís há 30 anos? Imaginou? Se o fator político hoje ainda é forte, naquela época era fundamental. Sua formação era tão boa que nem espaço tinha para ela. Um dia, sentada na escada, grávida, esperando para fazer uma entrevista para trabalhar no que seria o futuro Hemomar.

Sentindo um cansaço grande, uma espera enorme e percebendo o sacrifício que faria para no final tirar um pequeno salário, fazer o que não gostava e algo para que nem tinha estudado: exames laboratoriais, resolveu ir embora e não fez a entrevista. A partir dali, o serviço público perdeu uma excelente funcionária e o mercado acabava de ganhar uma empresa e nem sabia.

Chamou uma amiga, Claúdia Ornellas, também da área e resolveram montar uma empresa de beleza. No início, a grande dificuldade, além de financeira, era colocar o nome da loja. Como as duas vinham da área da saúde, quase que o nome da empresa poderia ter caído na mesmice do mercado nacional.

Elas pensaram em Farmaderme, Dermofarma e por aí vai, até que Nilton Ornellas, marido da Claúdia e jornalista, tinha que ser um homem de comunicação, veio com o nome Facial e, a partir daquele ponto, ficou e eternizou.

A empresa começou numa casa de porta e janela no Canto do Fabril, local que ainda existe até hoje, só que muito mais ampliado. A sociedade terminou, mas Márcia, junto com seu marido Garibaldi, continuou a tocar os negócios.

A cultura sempre foi de seriedade e um exemplo que pode ilustrar isso bem, foi na época em que o mercado financeiro vivia de especulação. As pessoas aplicavam dinheiro à noite e, no dia seguinte, tinham grandes retornos, os chamados lucros não operacionais.

Nesta época, a Facial tinha acabado de ganhar um financiamento do governo para ampliar a empresa. Todos falavam que eles deviam aplicar no mercado financeiro, o que consistia em desvio de dinheiro e era errado, mas a decisão foi investir no certo e gerar lucros operacionais.

A resposta veio na hora. O programa Pequenas Empresas Grandes Negócios veio a São Luís e gravou uma matéria sobre a farmácia. Como o mercado nacional vivia de especulação, eram poucas as empresas que estavam investindo em produção e a Facial era uma delas. A matéria foi veiculada em todo Brasil e isso deu um grande impulso nos negócios.

Apesar de ser um espaço ainda pequeno, com as imagens feitas e com a edição foi passada para todo mundo a imagem de que era uma grande farmácia. Quando doutora Márcia viajou para um congresso, pessoas de outros estados que assistiram à matéria comentaram como era grande a Facial e ela achava engraçado o que a mídia tinha feito, pois nunca teria dinheiro para fazer o que aconteceu e de graça.

As primeiras vendas foram difíceis, não existia mercado para comprar produtos manipulados e foi grande a dificuldade. Uma pessoa muito importante para a Facial foi o dermatologista Ivanildo Ewerton, já falecido, que tinha uma grande clientela e mandava suas receitas para Facial.

Um caso muito interessante também aconteceu com um médico que doutora Márcia prefere não falar o nome. Ela percebeu que ele só mandava receita de pessoas mais humildes para ela fazer os remédios e das pessoas com mais dinheiro ele mandava para São Paulo. Um dia, ela resolveu saber o motivo disso e foi até lá. Ele comentou que ela deveria trocar de carro, andar de salto alto, vestir roupas de linho, pois ela só gostava de jeans, disse ainda que os clientes dele só gostavam de coisa boa e que a empresa não daria certo naquele bairro.

Se tivesse seguido o conselho dele talvez o seu crescimento fosse mais rápido, porém não seria sólido. Um detalhe: ele não ficou no mercado e ela vai fazer 25 anos de empresa. E como uma frase que eu criei: o que sobe rápido é foguete, mas uma hora vai ter que cair.

O momento muito difícil pelo qual a empresa passou e quase fez com que a empresa acabasse foi quando seu esposo Garibaldi morreu.

Ele é que dava a sustentação ao negócio, além de, é claro, ser o grande amor que impulsionou todo o processo de vinda da doutora Márcia para São Luís.

Ele dava a segurança para ela fazer o que mais gosta que é trabalhar como profissional que se formou. Hoje, ela tem na sua filha, Ainah Maciel, lindo nome, a nova geração. Também farmacêutica segue os caminhos dos pais e, com certeza, o que há de mais importante ela aprendeu: a seriedade na profissão. Talvez tenha aprendido ainda na barriga de sua mãe, quem sabe naquela época da decisão de partir para um negócio próprio, fato é: assimilou tudo.

O produto mais vendido no início da empresa em 1984, era o xampu de jaborandi, uma planta que hoje só existe no Maranhão, contra caspa e queda de cabelo, até hoje vende muito bem. Mas os remédios dermatológicos começaram também a serem produzidos. A empresa passou do desconhecimento ao conhecimento do mercado e pegou a onda da moda de produtos manipulados e agora vive a estabilidade de quem sabe e conhece da importância destes produtos.

Para quem vendia pouco, hoje são mais de 10 mil fórmulas por mês produzidas, vendas por pedidos e no balcão das lojas. Todos os produtos têm venda certa, mas o grande sucesso são os filtros solares. É, com muito orgulho, que doutora Márcia comenta: “Estes produtos são feitos de acordo com o clima que vivemos e por isso o sucesso é total. Dediquei-me para criar filtro solar para os maranhenses. Quem usa volta a comprar e quem não conhece ainda vale a pena conhecer.”

Seus principais clientes são os médicos, mas atende muito no balcão e muitos são fiéis. Nestes 25 anos já passou muita gente pela empresa. Funcionário já morreu, viu casamentos, separações e clientes fiéis como a lavadeira dona Maria que guardava seu dinheiro para tratar da sua pele, apesar de humilde e o produto ser caro para ela, sabia da importância e tinha a vaidade de cuidar da sua pele. Ela trazia suas economias e só queria comprar com a doutora Márcia, pois sabia que ela iria fazer um desconto.

A lavadeira chegava com seu filho pequeno puxando-o pelas mãos e isso não saiu da memória da empresária. Um dia, ela foi comprar um carro e na loja um rapaz que era o vendedor reconheceu a farmacêutica e apresentou-se como filho da Maria. Doutora Márcia faz um comentário:

“foi muito emocionante o reencontro, mesmo sabendo da morte da mãe, foi bom saber que a Facial fez uma história na família daquele rapaz”

A Facial não para, fruto de uma boa mineira que não fica quieta. O grande projeto é a indústria de cosmético. Já está tudo preparado. Claro que a ideia não é nada gigantesco, isso não é do estilo da empresa.

Mas está tudo encaminhado para o Maranhão ter, em breve, uma indústria na área da beleza de qualidade e voltada para vida.

Começou porta e janela e hoje são 6 lojas, duas próprias e quatro franquias. Começou com 1 funcionário e hoje diretamente são 60. No início, vendia xampu de jaborandi e, hoje, são mais de 10 mil fórmulas mês.

Formou e forma mão de obra para o mercado que cresce. Fez o mercado e conseguiu ficar nele durante 25 anos, o que é difícil. Passou por tempo bom e por muitas tempestades. Teve que conviver com pessoas que tinham como único objetivo o dinheiro e tirar um pedaço da Facial. Mas, mesmo os que conseguiram algum proveito, não podem saborear o que a Facial e seus verdadeiros profissionais podem.

Deitar, dormir e saber que hoje cumpriram a sua missão com honestidade e que amanhã podem acordar e ter uma empresa para trabalhar novamente para manter o compromisso com a qualidade e com a vida dos seus clientes. Este compromisso a Facial tem e mantém até hoje.

Parabéns a todos que trabalham na Facial. Parabéns para o mercado que tem a Facial.

 

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“Estes produtos são feitos de acordo com o clima que vivemos e por isso o sucesso é total. Dediquei-me para criar filtro solar para os maranhenses.

Márcia Maciel

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